domingo, 4 de outubro de 2015







Sobre a ultima lua...

E se déssemos vinho para a lua beber?
Da ultima vez, ela ficou vermelha se encheu de sangue, ficou quente e amou.
Ontem tive novamente desejo de ser útero, de amar, acolher...não achei ninguém.
Me uni a lua.
Ela desceu ao meu encontro rubra um pouco tímida, porem sem insegurança encheu a minha a casa.
Tudo dependia só de um convite.
E na vida quem espera uma oportunidade é como apertar o gatilho, já esta carregada.
Na minha sala a efémera e aveludada lua dançava colada ao meu ventre.
Deixamos para trás os porquês de sermos sós e começamos a praticar a união de nossas aguas ensolaradas.
E ela foi tão bela e silenciosa ao revelar-me sua visão. Elegante com suas lembranças de tanto tempo.
Meu silencio foi o que ela mais adorou em mim. Relembrou-me a fragrância dos deuses.
Quando se ouve o som do mundo , fica fácil ouvir o som das almas.
A simbiose desliza por entre as veias, sem que se faça força, basta só existir.
E eu existo.
Acordada, fez-se real o ritual, minhas aguas saíram vermelhas esmeraldas escarlate, cereja, suor do útero amante...purificando minha força de mulher.
Agora lua cheia, outra hora minguante, em breve nova e para sempre crescente.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Movimento é medicamento

Deus nos respeita
quando trabalhamos, mas nos ama
quando dançamos.
                             Velho provérbio sufi.



domingo, 14 de junho de 2015

Encontros da alma.






Estava eu a caminhar e a conversar com uma donzela quando lhe fiz reparar a beleza dos azulejos nas casas por onde passávamos. Ela deslumbrou-se com a minha perspectiva de olhar para tudo por onde passo.
Olhar para o chão apenas é importante para certificar-se que ainda está no caminho certo! disse eu.
De repente ela solta para mim a seguinte frase: eu gosto de ficar horas a olhar as estrelas, elas são as coisas mais lindas que há na noite.
Ui de repente aquela flor me fez voltar a ser adolescente, e eu como num passe de magica tinha 14 anos...
Éramos as duas com asas de borboletas a voar unidas ao "vayu" vento. Tínhamos força cor e liberdade. Por um  instante minha alegria era de uma menina mais livre do que aquela que eu era. Eu olhava para ela e ficava hipnotizada com a sua desenvoltura ao voar tão leve pela noite...de um momento para outro saltei de estrelas, fui borboleta, e ela me revelou seu lugarzinho no mundo mais fofo de se apreciar o Tejo, e ver o Cristo Rei.
As meninas tem tão lindos e relicários segredinhos, que me derretia sendo novamente uma menina com meus 32 anos de pele.
 Reparei que continuava com as mesmas fantasias aqui dentro e fazia as mesmas aventuras de miúda e sem compromissos. E que minha amiga donzela facilmente acordou -me a acessar.
Descobrimos que temos os mesmos signos e que suas emoções eram as minhas de antigamente. Me senti útil ao revelar as verdadeiras historias que nosso coraçãozinho sente, mas que as vezes não é.
Ela me ouviu e eu me senti grata. Na época que eu tinha sua idade descobri tudo sozinha e custou-me...e isso fez sentir mais uma emoção: fui mãe. Agradeci mais uma vez outro acesso na minha alma. Cuidar de alguém nos torna tão próximos como aqueles que realmente são.
Somos professores, amigos, irmãos, mães, pais, avós e a voz da bondade quando falamos desde o coração.
Para mim ser mulher e usar a minha shakti é passear por dentro do coração com mensagens e arquétipos do meu ser. Viva aos encontros da alma.
Feliz domingo e namaste.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Saindo da caixa


Eu sempre amei as borboletas, elas são livres...
Passam por uma estadia num casulo sem reclamar da feiura e do pouco espaço.
 Realizam a aprendizagem e abrem-se para o mundo, devolvendo em gratidão ao universo sua beleza.
Lembro-me de ir aos bosques no Brasil, na minha terra natal, a caminhar por horas dentro da floresta, falando com a natureza, sozinha. Eu e  toda ela.
Sempre me era abençoado ver uma ou mais borboletas. Sempre que elas passavam por mim eu dizia:
Paz, amor e alegria.
Funcionava como um ritual para aproveitar a dádiva de ter visto aquelas meninas...
Nunca fui parecida com nenhuma das minhas colegas de escolas, sempre era a diferente.
Meu caminho era só, por não conseguir permanecer na mesma caixa.
Mas hoje eu vejo isso muito bem. Continuo a acreditar na minha melhor amiga: minha alma.
Olhando para como se move hoje a consciência das pessoas, vejo que ganhei anos a frente em descoberta.
Nunca vivi em caixas. Ja estive sim a participar, mas logo me davam coceiras e eu saia.
A sociedade hoje acorda ao perceber que velho é o pensamento do que se vê como velho.
Ninguem se prepara para uma velhice feliz...primeiro se matava depois queria viver. Como é o caso de aposentar-se...
AHHH...quando eu tiver 65 anos vou viver bem, casa na praia, renda mensal, vou comer de tudo...
Ai vem o stress...e todos perderam a juventude...
Pergunto: Será que alguém de fato chegou a gozar deste sonho?
A pessoa olha para um emprego que odeia, casado e sem energia de encontro, estudou algo que não gosta...que saco de vida...tenho 70 anos e estou doente...
Socorro, como dizia Hermógenes: Deus me livre de ser normal!!
Por isso sou tão feliz por dizer diariamente nas minhas aulas de yoga aos meus alunos, que vivam e agradeçam. Que dádiva é poder mudar isso tudo.
Namaste.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Ele se foi daqui desta matéria, mas deixou obras primas e este texto é uma delas...



Poema Se

Hermógenes

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.

Dakinis

                                                          
                                                             DAKINI/YOGUINI

A beleza do movimento desperta a energia mais feliz por dentro das nossas células.
A palavra dakini é traduzido como as mulheres que dançam no
 céu ou interpretável como as mulheres que se deleitam com a
liberdade de vazio. Daí invariavelmente seus corpos
são retratados curvo em poses de dança sinuosas.
Esta forma em ondas que o corpo apresenta e a geometria sagrada que através de mudras(gestos com as mãos) e posturas de yoga, fazem da dança um espectáculo de terapia. 
Chovem em seus corpos suores de limpeza, deslizam por suas peles o sabor da liberdade conquistada. 
A mente abrilhantada percebe que no vazio de suas salas sem medo, permanece apenas ela. E lá sempre esteve ela.
O movimento que abre suas cortinas deixa aparecer a luz que tanto ela própria procurou e sempre esteve ali, dentro dela.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Na dança que transforma minha anca no ser que eu tenho, o prana movimenta as palavras em pingentes sonoros.
Toda a sabedoria enrolada na fonte do meu imaginário mundo novo, aguarda o momento da profecia se realizar. Tu bebes adrenalina e transfere aos poros néctar da sua alma que de mutante não tem nada haver com seu corpo.
Sinceras melodias, tablas paradas, o ruído do vento...bate o compasso ritmado da minha respiração. Suor do no ventre.
Enxergo no teu olho o azul da minha consciência, na ponta dos teus dedos a velocidade do ar. Imagina esta noite dormindo do lado esquerdo do seu corpo as memorias brotassem sem pedir permissão e devolvessem nossa historia, você de novo criança e eu de novo aprendendo a amar.